sábado, 22 de agosto de 2015

A verdade é que eu não gosto de nada, não gosto de sociologia, não gosto de filosofia, não gosto de religião, não gosto de história, tão pouco geografia ou turismo. Não é por maldade, é que eu não entendo nada do que me falam, estou no fundo olhando para o quadro negro e se pensam que estou devaneando [?] ou sonhando com algum amor enganam-se, é um branco, um vazio, um nada. Sou eu sentada na cadeira em algum degrau específico que escolhi detalhadamente para aquela disciplina, encantada por 5 minutos com o professor ou professora e depois disso apenas olhando um quadro. Tenho muitos cadernos, muitos mesmo e nunca usei nenhum deles de maneira que me fizesse entender o que estava escrito depois, talvez apenas na primeira semana da aula de Humanidades quando eu usava um de meus cadernos rascunho, talvez, tirando línguas, tenha sido a unica matéria que tenha entendido na academia, alias matéria não, parte da matéria, só a primeira. Nunca escrevi um trabalho digno da academia também, talvez tenha esboçado uma coisa ou outra que chegasse no mínimo aos pés de um, é porque eu não entendo nada do que me explicam, nada do que leio, nada que me mostram. Já criei vários planos para estudar: caderno rascunho para passar a limpo no caderno oficial, gravar aulas inteiras de três, quatro horas para ouvir pausadamente depois, ler na biblioteca ( isso me dava um sono desesperador, como se não dormisse há dias), ler em grupo, ler no centro acadêmico, ler com fones de ouvido tocando música instrumental ou em línguas desconhecidas, ler no quarto com a porta fechada, ler na sala, ler de manhã, ler de noite, ler de madrugada, ler resenhas na internet, ler bêbada, ver vídeos e filmes, mas não entendo nada. Um ano sem entender nada mas sentindo um impulso de estar no meio de tudo aquilo, como se tudo aquilo tivesse um porquê e algo a me ensinar mesmo que tenha passado um ano sem eu entender nada. Pode ser que eu tenha algum problema real em assimilar informações, ou que aquilo tudo não seja meu caminho de fato ainda. É tão ruim não saber nada, não entender nada e não por preguiça, mas por não saber mais inventar planos para saber.