segunda-feira, 28 de março de 2016

A piramide invertida

Era uma vez eu.
Eu planejei minha vida numa pirâmide invertida.
Quero ter uma boa casa, bem organizada e funcional desenhada por mim com vista para as montanhas, poder ter autonomia sobre minha vida e controle financeiro. Para isso preciso ser bem sucedida e ter um bom salário que me permita planejar e arcar com os gastos. Para isso preciso de um bom emprego no qual preciso ser reconhecida como excelente profissional e me sentir realizada. Para isso preciso procurar o emprego e começar. Para isso preciso de uma formação. Para isso preciso escolher a área de formação e começar. Para isso preciso planejar a curto, médio e longo prazo o que quero para meu futuro. Para isso preciso desejar, querer, gostar de alguma coisa. Para isso preciso conhecer as opções. Para isso preciso experimentar as opções. Antes disso preciso sentir certezas. Antes disso preciso enxergar minha vocação.

Hoje decidi parar. 

quinta-feira, 24 de março de 2016

Eles usam a palavra do velho,
Eles falam como se o conhecesse de fato,
Tratando-o por meio de apelidos, distribuindo suas citações aos quatro cantos, muitas vezes sem o contexto, mostrando como identificam-se com seus sentimentos, vivências, frustrações - ou não, e se satisfazem com isso, conformam-se com isso e basta.
Eu uso a palavra do velho,
Eu às vezes falo como se o tivesse conhecido pessoalmente num pub, trato pela redução de seu sobrenome, ou apenas de velho mas algo acontece que ativa um alerta.
Quando vejo os outros tratando dele como um herói, pessoas que nada sabem de sua história ou do contexto daquelas citações sopradas ao vento penso no quão enojado ele ficaria. Que ironia, a massa que, para ele, apontava um caminho provavelmente errôneo, hoje o aplaude, diz ser como ele era e não se incomoda em nada com isso.
Veja bem, este é um pensamento que tenho quando vejo publicações de terceiros sobre um cara que julgo saber um pouco, mas posso, e provavelmente já o fiz, ter feito isso com escritores de muito apreço para algum colega, só não sei se gerou esta mesma reflexão.
Não era este o ponto o qual queria chegar. O alerta que é ativado em mim pode até passar pelos parágrafos acima (que são muito mais profundos e caberiam várias discussões sobre) mas vai além. O velho é o único escritor que, pessoalmente, uso de parâmetro racional, se assim posso dizer. Quando leio seus romances, crônicas, citações ou o que seja é claro que me identifico com parcelas deles mas se vejo que concordo naquele período em demasia com suas palavras percebo que algo não está normal, algo fugiu do controle e está lançada a temporada de caça ao ponto que tudo desandou e no replanejamento.
Existem, obviamente, trechos que caberão em minha vida até o fim pois fazem parte do que sou e acredito, mas há discernimento em saber que muito do que se passou na cabeça do velho e que foi transcrito não é saudável para o meu cotidiano.
Passei do período de constante concordância agora estou na caça, mas sem mira alguma. É necessário recuar ao máximo.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Bomba

Reclamando do mundo desde a volta do carnaval,
quero minha casa
chega de provas
cansei disso aqui
preciso treinar lá
baixa autoestima?
cansaço exagerado
uma pessoa insuportável
minha cabeça não aguenta mais.
Preciso explodir, como não sei explodir me jogo na academia.. Quase morro com as quase crises asmáticas, as pernas falham, o suor atravessa meu rosto mas preciso dessa dor, dessa sensação de quase morri mas consegui.
Muitos "mas", muitos "não", muito "quase".
Inventei uma lógi-ca que está me quebrando as pernas. Não sou capaz de explicá-la mas é como se uma guerra acontecesse no meu corpo a cada  clique, a cada coisa que me deixo afetar.
Péssimas notas, péssimo convívio social, péssima concentração, péssima atitude;
Péssimas experiências, péssimos sentimentos, péssimos medos que me travam.
Aí uma explosão, me sinto dona de mim e quero lutar pelo mundo. Brigo com todos que não acreditam que o mundo pode ser mudado, tenho forças pra debater e levantar mil bandeiras... Dura um dia, dois, no terceiro já passa a ressaca pós guerra e lá me vejo frustrada pela incapacidade de levar qualquer coisa adiante e por ver tantas pessoas usando seu tempo para desmotivar os que são verdadeiros na causa. Fico ainda mais triste. Que merda de mundo, que merda de vida tenho levado. Mal sei me alimentar direito, mal sei tratar pessoas próximas a mim com calma e quero mudar o mundo. Minha mãe tinha razão.
Pois bem voltemos pra casa de mala e cuia pra ver no que dá... Tá.
Sério? Eu quero muito minhas casa mas largar tudo isso que reclamei pra trás, me parece tão fraco. Converso com pessoas que me incentivam a recomeçar e buscar meu próprio caminho, tomo decisões aqui dentro da minha cabeça, me sinto ao menos segura de mim.
Logo depois o dia recomeça.
Essa bomba tem grandes chances de explodir em mãos erradas.