sábado, 9 de fevereiro de 2019

Uma tonelada

Uma tonelada não mede o que de peso de cansaço emocional e físico eu tenho tido essa semana. Não é falta de tentar. Eu estive bem no último mês, senti que estava finalmente me resolvendo com meus monstros internos, nada mais pesava, nada tirava horas do meu dia pra vagar mentalmente, eu estive bem disposta fisicamente, eu enfrentei minha preguiça várias vezes, eu estava realmente colocando ordem na casinha. 
Quando esse mês começou uma nuvenzinha carregada foi se aproximando, controles foram sendo desligados, o corpo foi se arrastando, a mente vagando, o foco foi indo embora. Colapsei. Trouxe à tona sentimentos intensos que pensei que já não me pertenciam, bad trips que jurava que tinha me desfeito, culpas que já foram em algum momento deixadas de lado. E vieram com tudo, cada dia uma batia à porta e se juntava com as outras acumuladas, em poucos dias minha paz de um mês foi pro ralo.
Só que eu reencontrei as pessoas que me foram de grande ajuda durante o ano passado, algumas que sem que eu fale uma palavra me confortam com sua presença, outras que já me ouviram e compreendem meus devaneios e sabem que estou tentando me livrar deles. Eu realmente estou. Mas talvez a forma que tinha encontrado e parecia ser perfeita para lidar com isso já não esteja sendo suficiente. Eu preciso mudar. 
O que ninguém fala sobre resiliência é que além de um processo bonito e uma capacidade encantadora que temos é também um processo doído, cansativo que quase nos esgota. Quase. Depois de muitas tempestades que tive nos últimos meses, sempre veio algo bom sim e minha capacidade de regeneração foi se transformando. A medida que torno o que me machuca consciente tenho mais poder de escolha sobre isso. Eu escolho não frequentar lugares, não encontrar pessoas quando acho que isso ao invés de me curar vai me adoecer mais. Eu posso escolher isso. Não elimina minha dor, não faz minhas neuroses virarem fumaça, mas funciona. Bem como por vezes eu reconheço que preciso encarar todas essas coisas, que preciso por pra fora, gritar e outrora não resolve fazer nem isso nem aquilo, basta esperar.
Mesmo sabendo formas e atitudes que já me ajudam tem semanas como essa que podem pesar uma tonelada, que cada micro atitude vira um iceberg e vai se enfiando profundamente lá onde tudo estava sendo resolvido pouco tempo atrás.
Eu estou sobrecarregada de mim. Só eu posso me livrar disso. E pra me livrar de vez eu sei que vai levar tempo e que é preciso respeitar esse tempo. Sei também que quanto mais a gente negligencia o que sente mais enganados ficamos. Se tudo isso veio mesmo com tanta gente boa ao meu redor é porque eu ainda não me livrei. 
Eu quero olhar pra esse abismo sem me tornar ele por completo mas sabendo que ele faz parte de mim e sempre fará mas o que eu faço com ele por agora?