domingo, 29 de agosto de 2021

21

 Revendo fotos me deparei com uma informação: eu achava que tinha ido embora com 22 anos quase 23 e na realidade eu fui com 21. Vinte e um anos e uma carga mental como se tivesse atrasada, sempre. Cobrava de mim atitudes de alguém que já tinha vivido todas as experiências, como pesou. Hoje, neste exato momento eu senti alívio por ter ido com vinte e um anos. Quantas coisas automaticamente se justificaram por eu ter apenas 21. Um pouco de receio me ronda apenas pelo fato de que passei todos esses anos após ter voltado para minha cidade ainda sentindo uma cobrança, uma culpa pelas escolhas que fiz e só tinha 21. Uma diferença de 7 anos, novamente 7 anos, para uma ficha cair. Talvez daqui a 7 anos eu olhe para minhas culpas e inseguranças e pense: você só tinha 28 como poderia saber de tanto? Hoje eu olho para amigas que tem vinte e poucos ainda e penso: tudo bem, elas ainda vão viver o suficiente para olharem e entenderem suas inseguranças de agora, mas não me acolho da mesma forma, talvez agora eu consiga acolher a Camila de 21, de 22 e 23. Talvez agora eu não consiga ainda acolher a de 24, 25.. mas sei que em breve eu vou conseguir, porque nem mesmo a de 28 após ter vivido tantas mudanças nos últimos 3 anos se sente segura com quem está se tornando. Dizem que eu estou no caminho certo, dizem que sou didática, dizem que serei ótima mas ainda me saboto e não consigo acolher esses dizeres como verdade. Quem sabe daqui um tempo, quem sabe a cada 7 que passar de uma experiência uma nova ficha cai e desperta minhas interpretações para novos olhares? Hoje admiro a coragem que tive encarando uma vontade, admiro ter vivido, entendo algumas escolhas em não viver... Afinal, eu tinha apenas 21.

domingo, 27 de junho de 2021

 Talvez eu não saiba compartilhar. Uma briga em que cada lado tem sua verdade e seus pontos inatingíveis. Uma pessoa recorrentemente desagradável que qua do precisa falar fica sem ninguém, um choro constante travado na guela. Apatia. Paralisação. Tenho os mesmos defeitos que julgam os outros, que eu julgo e eu cometo. E naturalmente eu tenho me construído desagradável a quem chegue a ficar a longo prazo, já não acho que seja crença. Silêncio. O silêncio que eu acho bonito e interessante no mundo ideal que existe me mata, me dói, me esvazia, me explode. Não sei mudar sozinha, qua do acho que vou conseguir eu falho uma duas mil vezes. Eu também tenho vinte e tantos anos e não construí nada e ao invés de construir eu paro. Ao invés de sentar a bunda pra escrever eu paraliso e desagrado. Meu tom de voz e escolha de palavras desagradam. Todos os dias pessoalmente eu desagrado sempre alguém. E me sinto mal sempre que me.elogiam porque não sabem que no fundo eu desagrado. Eu me afundo em mim mesma e já não tenho mais expressão. A garanta dói a sabe se lá quantos anos. O corpo fecha. A cabeça acelerada desde o nascer do dia me oferece imagens que eu nem lembrava que existia. Eu sei que dentro deles eu causa desconforto e incômodo. Se eu pudesse ir embora eu iria, de longe eu sou mais aceitável. E conforme uma palavra sai eu expresso mas não vai mudar, não sei mudar de verdade. Da vontade de gritar. Minha cabeça gela dum jeito que nunca percebi sentir, da calafrio. Eu tenho muito medo. De perder, de errar e eu sigo perdendo e errando e sem saber mudar. Eu passo por dias estáveis mas não está estável porque dentro deles algo que fiz já incomodou e eles guardam até não quererem mais. Porque eles podem ir embora. E em algum momento vão escolher ou vao ir. E eu vou ficar sem estar. Em lugar algum. Eu quero ir embora, pra lugar nenhum. Mas eu paralisei e eu não sei o que fazer. E eu não posso pedir ajuda porque já fui desconfortável, me sinto desconfortável porque ao mesmo tempo que parece nada é tanto. Eu não sei compartilhar e não compartilhar dói também. Não resolve chorar e se desculpar. Não consigo fazer terapia porque não quero incomodar mais. Eu devia ter construído algo e eu não sei por onde ir. E no fim das contas a solidão, causada, aqui dentro.

sábado, 24 de abril de 2021

 Queria sentar com você em um café ao por do sol,

nesse vento frio de outono

devanear, olhar seus olhos iluminados 

e sorrir te admirando.

Queria poder reunir com meus amigos e você

nos bares de costume e vivenciar essa experiência

de novo.

Queria carregar você comigo 

pra quando desse vontade

poder te abraçar apertado

e suspirar de 

alivio 

quando você abraçasse de volta.

É difícil de acreditar as vezes

que tenho parceiro de vida

comigo

em meio a essa loucura 

que posso ser

que o mundo tem sido

que a escolha tem sido 

permanecer.

Quando penso sobre isso

e lembro que é de verdade

não um desejo, uma imaginação

sorrio e agradeço 

por essa ser nossa escolha

há meses

e sinto 

por não ter algumas pessoas

importantes

por perto pra admirar junto.