domingo, 25 de dezembro de 2016

Eu me encontrei
e me perdi mil vezes mais
Vivi mais do mesmo
de formas diferentes
ou seria
vivi coisas diferentes cometendo os mesmos erros?
Eu quis alguém aqui
só que esse alguém nada nunca quis
e ainda assim
sozinha
há anos
imersa em mim e em meus devaneios
por vezes tive alguém aqui
aqui onde escrevo
aqui onde penso
Afirmei tudo que já conhecera sobre mim
e vi que posso além
me afundar além
Eu enxerguei além também
de tudo de negativo que posso
eu mesma
dizer sobre mim
Eu estive em paz
na última consulta psiquiátrica
na última sessão com a psicóloga
Era o presente me mostrando como se faz
até eu bater
de frente com tudo que me assombrou outrora
e tudo capotar como de um barranco
Mas o importante é que por diversas vezes
 EU ME ENCONTREI
e reconheci
com ajuda
o que eu sou
para além de uma pessoa "complexa"
para os colegas na mesa de um bar
no qual eu alternava entre água, café com canela
e saudosismo
dos dias que estava imersa em mim
comigo
e com alguém aqui
encontrando mais de mim
que agora eu
perdi.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Reflexos

Sinto uma imensa vontade de vomitar, um calor excessivo, a cabeça vai explodir, mais uma discussão. Reflito o que mais odeio. Explodo como as explosões que me fazem mais mal e depois sinto ânsia. Quero ir embora. Não por querer sair da cidade exclusivamente. Há semanas tenho dito pensamentos conturbados, a meses não escrevo, faltei várias sessões da terapia e falho com o remédio, não falo de nada com ninguém, perdi meu contato mais próximo -com quem eu me abria, misturo álcool com tratamento não por escape mas talvez porque quero voltar a ser eu. Por mais risadas que eu dê na rua em casa sempre me estresso e a culpa é só minha. Se é aqui que explodo é por ser como o que eu não quero ser, por agir como o que eu não quero copiar e no calor do momento eu vomito palavras e depois sinto ânsia apenas e já não há tempo para consertar. Eu afasto todas as tentativas de conversa que as pessoas tem comigo por já achar que estão previamente me julgando de tanto que me alertam para o NÃO FAÇA ISSO, NÃO FAÇA AQUILO, PREFIRO FALAR ANTES QUE VOCÊ FAÇA DO QUE DEPOIS QUE A MERDA ESTEJA FEITA. E eu, como a pessoa que já se culpa por tudo antes do tempo, explodo porque para além disso há cobrança exterior, mesmo que erroneamente ~ou não ~ eles não me querem por perto pela minha presença, me querem para que seja mais fácil controlar o possível alcoolismo que essa garota posso desenvolver, para evitar as possíveis festas que ela queira dar na casa que não é SÓ dela, não importa se ela luta para manter o controle de tudo, temos que alertá-la a todo momento, ERROS ACONTECEM MAS É MELHOR QUE NÃO ACONTEÇAM.
Eles não sabem, deduzem, porque eu não falo. Nunca falei.
Nunca bebi para esconder ou extravasar tristeza, nunca gostei de beber quando estava triste. Voltei sempre sozinha para casa por não achar justo tirar alguém da cama na madrugada. Não peço nada além do que já me dão. Mas isso não conta se você explode sempre. As explosões machucam. Já me machucaram muito e hoje machuco os outros. Meu excesso de nuncas talvez tenha poupado meus pais mas poupou tanto que eles não me conhecem e nem quero que conheçam talvez para não decepcioná-los. Não aceito os elogios da rua porque não vieram deles, vieram dos que me conhecem quando eu não estou explodindo e talvez seja por isso que sou amiga dos que extravasam, eles se machucam tanto quanto eu, mas eles não guardam, eles seguem e tudo fica bem depois.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

#Eulevojeridentrodemim

Nos últimos dias estive por bandas próximas a Linha do Equador, em meios de transportes peculiares e aventureiros, encontrei uma coruja na travessia diurna pelo deserto branco, fui recebida no paraíso por uma iguana no caminho do meu quarto.
Andei por águas transparentes (meu celular também :'( ) que não tinham ondas bravas, onde lagoa e mar curtiam se encontrar; vi uma árvore chamada Preguiça que ficou só no meio do sertão e então resolveu crescer deitada.
Pisava descalço naquele chão- as vezes molhado , subi duna para ver o por do sol, tornei-me mulher de areia da cabeça aos pés haha; subi duna para olhar o céu noturno com direito a estrela cadente e por da lua no mar.
Fiquei apaixonada por cada pedacinho ali construído física ou emocionalmente.
Falei com gringos, fui resgatada por "nativos" oferecendo amizade (agradecida!); tive que dançar forró para pagar o resgate. D:
Nunca que vou conseguir contar tudo, me perderia no tempo, aliás eu me perdi do tempo! Não tinha dia da semana, nem pressa de pra Minas voltar.
Alegria, alegria, eles nos disseram!
E a tripulação animada, volta pro lar...


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Os dias marcados para despedidas são os piores, geralmente terminamos não dizendo o que planejamos. Talvez seja por isso que durante a vida as despedidas são ao longo do tempo, do afastamento, do silêncio carregado de dizeres não ditos mas sentidos.
Nunca disse tchau para relações, hoje dei conta de que algumas se foram, a maioria mudou e as que eu quis de fato me despedir não foram como o planejado. Tenho buscado ser sincera comigo, a fazer perguntas e entender as relações interpessoais da minha vida, afinal os outros também desejam dizer tchau.
Ainda tenho muitas duvidas sobre futuros tchaus e por agora deixo estar. Estou tranquila como há muito não estivera e ao invés de pensar nos tchaus que a vida propôs, estou aberta para quem por aqui quiser passar.
O tempo ajeita tudo se o sentimento for verdadeiro, seja para os desentendimentos, pelas despedidas torcidas, pela má interpretação; se o momento não era propício é necessário entender o tempo que o universo pede ou força para acontecer, assim como um rompimento definitivo que faz doer e depois apenas passa.

sábado, 27 de agosto de 2016

Enquanto fui me construindo fui me destruindo

Tenho medo do mundo, medo de viver
Não sei usufruir da loucura talvez por não conhecê-la
Desde muito nova me eduquei para ser uma pessoa digna
Daquelas que não deve nada a ninguém porque tem um caráter muito bem embasado de acordo com sua consciência e com os exemplos maternos e paternos. Alguém que sempre quis estar ali, não necessariamente pela bagunça mas caso alguém precise. Não a pessoa que tem conselhos mas que faz perguntas e faz o outro se ouvir. Sempre estive em segundo plano das pessoas loucas e sempre tive um ímã impressionante para com elas mas nunca jamais fui uma louca de alma e coração. Não é que esta louca esteja guardadinha aqui dentro, não.. É que nem ao menos pensamentos loucos e livres existem aqui. Minhas paranóias e sonhos são de coisas que existem, que já vi. A criatividade e imaginação ficou com a menina que teve amigo imaginário e que conversava com outra criança japonesa sem saber uma palavra de japonês.
Só para explicar um louco não é alguém menos digno ou de menos caráter, mas sem duvidas ele é mais livre. De uma liberdade que eu não posso fingir ter porque não conseguiria fingir, não seria espontâneo. É por isso que ando com loucos, por admiração. Não tenho o que acordar aqui dentro, sou isso e só mas posso observa-los e te-los por perto pra me sentir acolhida de certa forma. Só não sei porque eles andam comigo, porque me tem como amiga. Não sei ser balança porque em meio a essa racionalidade toda e empaquei enquanto crescia. Não há talentos desenvolvidos, habilidades, não haveria de ter uma conversa longa e profunda embasada em qualquer coisa senão os meus achismos certos que originam no que parece ser menos errado. Sou um atraso de vida como companhia e ainda assim eles estão aqui. Ou sou eu que rodeio tanto eles que não há outra saída? Destruo a mim mesma a cada dia, sem dramas, sem coitadismos, é o que enxergo e sinto.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

As pessoas se chateiam quando não compramos o momento de fúria delas, para algumas é passageiro outras nunca entenderão o seu silêncio. Sinto-me envergonhada de meus momentos de fúria, de falta de autocontrole, o silêncio nesses momentos é como um balde de água fria numa chapa de ferro quente.

sábado, 21 de maio de 2016

Eu que desacreditada do amor sou, amo
Eu que desprezo o ciumes na vida, o sinto
Eu quis tentar novamente e sem limites, aceitei tudo
Aceitei para me testar, me desafiar e ver se descobria até onde poderia chegar
Cheguei
Cheguei ao ponto em que sinto que passei dos meus limites por não dar conta de controlá-los como pensava
Tentei ser livre
Tentei ser um pouco mais inteligente
Tentei dar outra chance ao coração
Dizia: "não há motivos para preocupação, está tudo sob controle na minha mente"
E sim, na mente, mas quando o coração grita não há mente que segure, então minto.
Não sou seu par porque queres ser par do mundo
Acho uma ideia encantadora mas assim não sou
Quero tudo ou nada
De um mundo só
E está chegando o momento de voltar a ser.. só.
Errei mais uma vez.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Acham que é roça

O nosso povo valoriza muito pouco
as riquezas que a gente tem
Reclama de tudo, diz que do poço aqui é o fundo
sem esperanças trata com desdém
Dizem que aqui é roça
mas roça de quem?
Não percebem que a cidade cresceu
só o povo mesmo que não percebeu.
O trânsito é intenso, a população já aumentou
os olhares vira e meche estão voltados para cá
mas logo dá-se um jeito de desviar.
Nesse vale de montanhas
de únicas características
o única valorização tem sido a das presenças turísticas.
Quem aqui está, quer sair e não consegue
oportunidades novas agarrar
quem aqui chega se encanta
mas se quer ficar não demora a desanimar.
Muitos de nós
com o coração na mão partimos
por deixar para trás um paraíso
aparentemente esquecido,
por seus representantes e habitantes.
Os flutuantes se vão mas e quanto a população?
Instituições Federais estiveram a um pé de aqui se fixar
Opções de lazer e cultura sempre acabam por fechar
Resta a nós jovens partir
a menos que chegue a hora
de alguém por aqui intervir.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

O mar está de ressaca,
e o cheiro dele está no ar
mesmo depois de tanto rebater contra as pedras e escorrer pelo entorno excessivamente.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Vou explodir?

Ninguém me conhece;

Sou capaz de contar as mais pensadas mentiras, dar um sorriso torto que parece verdadeiro, chorar em silêncio e sem lágrimas, mascarando decepção em mau humor. Preciso de um minuto de ajuda e quem eu penso em chamar? A psicóloga, porque não consigo pensar em ninguém disponível que diria "nós saberíamos que este dia chegaria mas tem problema não, chora aqui no meu ombro que depois a gente vê o que faz", só penso em um amigo para além que, no caso, não pode mesmo me ajudar porque, sinto em assumir, mas é o meu depósito de mentiras - bem intencionadas eu diria mas mentiras. Não fui capaz de transcrever isso num poema misterioso e cheio de rimas. Essa semana estou uma bomba mesmo estando onde queria. Ninguém me conhece mesmo estando em casa. Vou explodir?

segunda-feira, 28 de março de 2016

A piramide invertida

Era uma vez eu.
Eu planejei minha vida numa pirâmide invertida.
Quero ter uma boa casa, bem organizada e funcional desenhada por mim com vista para as montanhas, poder ter autonomia sobre minha vida e controle financeiro. Para isso preciso ser bem sucedida e ter um bom salário que me permita planejar e arcar com os gastos. Para isso preciso de um bom emprego no qual preciso ser reconhecida como excelente profissional e me sentir realizada. Para isso preciso procurar o emprego e começar. Para isso preciso de uma formação. Para isso preciso escolher a área de formação e começar. Para isso preciso planejar a curto, médio e longo prazo o que quero para meu futuro. Para isso preciso desejar, querer, gostar de alguma coisa. Para isso preciso conhecer as opções. Para isso preciso experimentar as opções. Antes disso preciso sentir certezas. Antes disso preciso enxergar minha vocação.

Hoje decidi parar. 

quinta-feira, 24 de março de 2016

Eles usam a palavra do velho,
Eles falam como se o conhecesse de fato,
Tratando-o por meio de apelidos, distribuindo suas citações aos quatro cantos, muitas vezes sem o contexto, mostrando como identificam-se com seus sentimentos, vivências, frustrações - ou não, e se satisfazem com isso, conformam-se com isso e basta.
Eu uso a palavra do velho,
Eu às vezes falo como se o tivesse conhecido pessoalmente num pub, trato pela redução de seu sobrenome, ou apenas de velho mas algo acontece que ativa um alerta.
Quando vejo os outros tratando dele como um herói, pessoas que nada sabem de sua história ou do contexto daquelas citações sopradas ao vento penso no quão enojado ele ficaria. Que ironia, a massa que, para ele, apontava um caminho provavelmente errôneo, hoje o aplaude, diz ser como ele era e não se incomoda em nada com isso.
Veja bem, este é um pensamento que tenho quando vejo publicações de terceiros sobre um cara que julgo saber um pouco, mas posso, e provavelmente já o fiz, ter feito isso com escritores de muito apreço para algum colega, só não sei se gerou esta mesma reflexão.
Não era este o ponto o qual queria chegar. O alerta que é ativado em mim pode até passar pelos parágrafos acima (que são muito mais profundos e caberiam várias discussões sobre) mas vai além. O velho é o único escritor que, pessoalmente, uso de parâmetro racional, se assim posso dizer. Quando leio seus romances, crônicas, citações ou o que seja é claro que me identifico com parcelas deles mas se vejo que concordo naquele período em demasia com suas palavras percebo que algo não está normal, algo fugiu do controle e está lançada a temporada de caça ao ponto que tudo desandou e no replanejamento.
Existem, obviamente, trechos que caberão em minha vida até o fim pois fazem parte do que sou e acredito, mas há discernimento em saber que muito do que se passou na cabeça do velho e que foi transcrito não é saudável para o meu cotidiano.
Passei do período de constante concordância agora estou na caça, mas sem mira alguma. É necessário recuar ao máximo.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Bomba

Reclamando do mundo desde a volta do carnaval,
quero minha casa
chega de provas
cansei disso aqui
preciso treinar lá
baixa autoestima?
cansaço exagerado
uma pessoa insuportável
minha cabeça não aguenta mais.
Preciso explodir, como não sei explodir me jogo na academia.. Quase morro com as quase crises asmáticas, as pernas falham, o suor atravessa meu rosto mas preciso dessa dor, dessa sensação de quase morri mas consegui.
Muitos "mas", muitos "não", muito "quase".
Inventei uma lógi-ca que está me quebrando as pernas. Não sou capaz de explicá-la mas é como se uma guerra acontecesse no meu corpo a cada  clique, a cada coisa que me deixo afetar.
Péssimas notas, péssimo convívio social, péssima concentração, péssima atitude;
Péssimas experiências, péssimos sentimentos, péssimos medos que me travam.
Aí uma explosão, me sinto dona de mim e quero lutar pelo mundo. Brigo com todos que não acreditam que o mundo pode ser mudado, tenho forças pra debater e levantar mil bandeiras... Dura um dia, dois, no terceiro já passa a ressaca pós guerra e lá me vejo frustrada pela incapacidade de levar qualquer coisa adiante e por ver tantas pessoas usando seu tempo para desmotivar os que são verdadeiros na causa. Fico ainda mais triste. Que merda de mundo, que merda de vida tenho levado. Mal sei me alimentar direito, mal sei tratar pessoas próximas a mim com calma e quero mudar o mundo. Minha mãe tinha razão.
Pois bem voltemos pra casa de mala e cuia pra ver no que dá... Tá.
Sério? Eu quero muito minhas casa mas largar tudo isso que reclamei pra trás, me parece tão fraco. Converso com pessoas que me incentivam a recomeçar e buscar meu próprio caminho, tomo decisões aqui dentro da minha cabeça, me sinto ao menos segura de mim.
Logo depois o dia recomeça.
Essa bomba tem grandes chances de explodir em mãos erradas.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Cap ou pas cap

Não sei quando surgiu o termo jogo, sei que sinto-me desafiada todas as vezes pelo jogo, pelo jogador, pelo conjunto da minha mente. Sinto que não posso lidar com a ideia que o jogo em si tenha uma finalidade, não no sentindo de objetivo mas de fim. Sinto que não tenho percepção do tempo gasto em pensamentos relacionados ao jogo, não apenas o ato e sim como um todo.
A propósito jogar deixou de ser um ato isolado se é que um dia o foi. Tem sido um jogo do acordar ao deitar a cabeça no travesseiro pela noite, desafiada durante todo o tempo e creio que posso incluir que sou desafiada no universo dos sonhos inclusive.
Minha motivação tem sido esses desafios, esse jogo que já não sei discernir o que é ironia, desafio carnal ou real. Tudo isso faz com que eu seja capaz de progredir em muitos aspectos que ninguém é capaz de notar, estou fadada por opção a estar presa no jogo até alguém dizer o que precisa para chegar ao fim e então saber o que tem depois do fim, a tragédia ou algo para além de um jogo. Claro, estou fada enquanto retiro impulsos, benefícios e .. cap ou pas cap?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sem métrica

Hoje,
um daqueles dias que sinto-me incapaz
incapaz de ver minha própria imagem,
minha própria capacidade,
uma esperança qualquer,
um futuro para além.

A noite,
é quando piora a sensação
sensação de que aqui não é meu lugar,
não é meu papel no mundo
nem tampouco o que me satisfaz.

Nessa hora,
que já desliguei o telefone com curtas palavras,
curtas para disfarçar
disfarçar a impotência
a vontade de querer jogar
e jogar tudo pro alto.

Não entendo de métrica,
nem de dialética
Não faço filosofia
só espero todos os dias
a hora de ir para a academia.

Corpo
está exausto
não dos exercícios que tenho feito
dos pesos que tenho colocado
nos equipamentos
mas do peso que tenho dado
aos itens de minha vida.

E somente
na uma única hora que entrego a academia
sinto-me entregue,
entregue as minhas contagens,
as minhas dores e desafios físicos pessoais
de resto...
meu único desafio é encarar a vida.