Ando pelo corredor desse lugar, do quarto até a cozinha mil vezes. Olho para o chão, pela janela, no espelho, analiso minhas coisas e o que vejo não é um lar. A sensação, de acordo com o mais próximo que posso descrever, é a seguinte: imagine um quarto de hotel, onde você passa pouco tempo e fica ali apenas para dormir, tomar banho, algumas vezes para comer e menos ainda descansar depois de seu trabalho e então sua viagem acaba e você pode voltar para seu lar, doce lar. É nada mais que isso. Quando fico aqui sinto que estou em uma viagem que pode durar de uma semana a um mês e que logo volto para casa. Não conheço as pessoas, elas não me conhecem. Combino o mundo com meus amigos onde moro, sim moro lá, vivo aqui.. Essa é a primeira questão da minha atual desordem.
Vou para meu "trabalho", a faculdade. Já conheço tantos rostos por lá, até esqueço que estou naquela viagem desgastante citada acima. Lá não me sinto em um hotel, tenho um lugar que me deixa quase que totalmente confortável onde não preciso fazer nada, nem mesmo falar. Posso apenas aceitar ser abraçada pelo sofá ao lado da rede e como é aconchegante! Vou para a sala encontrar professores e assuntos interessantes, só que não foco tanto quanto antes, estou me perdendo nas horas em que as disciplinas acontecem. Minha mente vaaaaga por todos os cantos, faço desenhos pelos cadernos em meio as anotações que consegui fazer nos mínimos momentos de foco. As vezes não sei o que faço ali, mas sei que é ali que devia estar, ao menos por agora. E minha segunda questão é esta: o conforto do "trabalho" andando junto a desatenção.
Nas horas livres, fora do hotel e do trabalho, encontro colegas. Muitas vezes vagamos por botequins, ou inventamos algo para fazer e conversar até o dia raiar. Atividades que me ocupam o tempo e me livram do saudosismo. Não sei se chega a ser uma forma de alienação do incômodo que tenho passado, mas aliviam minhas tensões.
Gostaria infinitamente de poder levar a universidade para a minha cidade, com as pessoas que lá estão( na universidade). Eu poderia dormir na minha cama, no meu quarto, acordar na minha casa, ver minhas montanhas, estar com minha família e sair com meus amigos que tanto prezo sem perder meus novos colegas, o ambiente que aconchega e que sá ter um foco melhor em sala.
Tenho passado por conflitos intrapessoais, os quais não sei o que, como, nem porquê existem; tão pouco sei porque andam intensos a ponto de transbordar em qualquer lugar, a qualquer hora e portanto não posso resolve-los.
Não tenho um status emocional estável. Se antes eu pensava muito, hoje penso muito mais mesmo que não queira. Sinto profundamente que, num momento não programado, explodirei, mas ainda assim não sinto um poço de negatividade, só um poço: confuso, sem fim, escuro e com uma provável salvação.
Estou prestes a passar por uma nova mudança que antes irá gerar conflitos, talvez confrontos mas que, pelo que sou capaz de enxergar agora, é minha única saída para não abandonar tudo.
Não quero ser interpretada de maneira errada. A vida não está ruim, as pessoas aqui não me fizeram nada de mal. Eu que acumulei um excesso de preocupação, de solidão, de silêncio. Entrei, me fechei e me perdi aqui dentro. Não é saudosismo, entendo que preciso enfrentar as mudanças da vida para uma possível evolução, etc. Só não me sinto bem nesse hotel. Eu, que tenho tanta dificuldade em confiar, só queria um alguém que fosse para poder falar as vezes, confiar, abraçar sem medo de ser "apunhalada pelas costas". Não vivo pensando nisso, em que vou ser "apunhalada pelas costas" a todo momento, nunca espero nada em troca, de coração. Não é isso. É que em todos os lugares as pessoas se mostram assim, querendo algo em troca de tudo que fazem mesmo com aquele discurso "eu juro que faço sem esperar nada" mas que é mentira. E elas te olham como se você fosse a próxima a tentar destruí-las. Só quero um lugar onde essa poluição toda não me atinja tanto como agora.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Poderia não escrever nada disso afinal
Eu to cansada, deveras cansada. Comecei meu dia em alto astral numa aula espetacular que me lavou a alma. Mesmo com esse calor dos infernos mantive minha energia no alto, voltei pra outra aula e dei todo o meu suor, me entreguei. Juntando todas as minhas forças fui a faculdade, ainda num astral maneiro. E agora um sentimento que não sei de onde diabos brotou,sinto como se fosse uma derrotada. Sei que não deveria, olha só como foi meu dia! Como foi maravilhoso e como visualizei só o que era bom. Depois que fui indaga e não tinha uma resposta as energias saíram do equilíbrio, fiquei estranha. Foi só o começo. Recebi um comentário sarcástico de um colega, mil duvidas vieram a tona e com a cabeça trabalhando a mil ainda pude ter um papo legal no santo ônibus de todo dia. Recusei ir ao bar para vir para casa e quando chego fico trancada pra fora.. Veja como as energias influenciam a vida. Tudo revirou porque dei brecha, em algum momento, para que algo me atingisse. Não sei o nome desse algo, nem em que momento isso ocorreu, não sei como me proteger ou como me preparar para que isso não volte a acontecer. Poderia não escrever nada disso afinal, ainda transbordo duvidas acerca de minha existência. Acontece que sem escrever eu surto, escrevendo liberto mas trago a tona uma dose de culpa, de só conseguir escrever quando algo não está legal. Parece algo tão injusto e tão salvador simultaneamente. Quero meus amigos, no mínimo meu quarto.. quero sentir que estou em casa. É nessa hora que a vontade de fugir daqui bate. Só que é preciso resistir, amanhã é um novo dia e essa pseudo derrota fica no passado. Pseudo porque não existiu exatamente, pode ter existido por eu ter sido derrotada pelas energias mas elas não tem culpa. Enfim, amanhã é um novo dia, vamos lá!
terça-feira, 7 de outubro de 2014
O que entope as gargantas do mundo
Dois coisas:
Temos dúvidas, sempre.
Temos receio em respondê-las;
Isso serve para um leque de assuntos em minha vida e na de qualquer outra pessoa.
Fugimos de algumas respostas quando na verdade já as conhecemos mas não queremos tomá-las como verdades;
Fugimos porque achamos que já sabemos a resposta e porque talvez no fundo sabemos que há a possibilidade dela virar a nosso favor - o que seria magnífico- mas como estamos acostumados e porque não condicionados a esperar que tudo seja inverso não saberíamos como lidar com essa resposta positiva - e poderíamos também, por esta razão, "estragar tudo";
Fugimos para não encontrar o fim e consequentemente um novo começo com ou sem a fonte inspiradora da dúvida;
Fugimos apenas por vergonha ou seria timidez, falta de costume de perguntar, de falar e se abrir.
Fugimos para evitar constrangimento, pois muitas de nossas dúvidas parecem não ter nexo ou demonstrar apenas sinais de ciúmes e insegurança;
Fugimos para evitar a frustração; seja com a resposta, seja com o outro devido a resposta ou mesmo a não exposição dela;
Fugimos porque não somos constantemente ouvidos com atenção o que poderia gerar má interpretação...
Essa fuga constante entope as gargantas do mundo e o impede de rodar levemente.
Pessoalmente tenho trabalhado esse lado fugitivo, mas há muito impregnado no meu ego. Já fugi tanto, hoje fujo um pouco menos e amanhã pretendo não mais fugir.
Temos dúvidas, sempre.
Temos receio em respondê-las;
Isso serve para um leque de assuntos em minha vida e na de qualquer outra pessoa.
Fugimos de algumas respostas quando na verdade já as conhecemos mas não queremos tomá-las como verdades;
Fugimos porque achamos que já sabemos a resposta e porque talvez no fundo sabemos que há a possibilidade dela virar a nosso favor - o que seria magnífico- mas como estamos acostumados e porque não condicionados a esperar que tudo seja inverso não saberíamos como lidar com essa resposta positiva - e poderíamos também, por esta razão, "estragar tudo";
Fugimos para não encontrar o fim e consequentemente um novo começo com ou sem a fonte inspiradora da dúvida;
Fugimos apenas por vergonha ou seria timidez, falta de costume de perguntar, de falar e se abrir.
Fugimos para evitar constrangimento, pois muitas de nossas dúvidas parecem não ter nexo ou demonstrar apenas sinais de ciúmes e insegurança;
Fugimos para evitar a frustração; seja com a resposta, seja com o outro devido a resposta ou mesmo a não exposição dela;
Fugimos porque não somos constantemente ouvidos com atenção o que poderia gerar má interpretação...
Essa fuga constante entope as gargantas do mundo e o impede de rodar levemente.
Pessoalmente tenho trabalhado esse lado fugitivo, mas há muito impregnado no meu ego. Já fugi tanto, hoje fujo um pouco menos e amanhã pretendo não mais fugir.
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