sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Só quero um lar

Ando pelo corredor desse lugar, do quarto até a cozinha mil vezes. Olho para o chão, pela janela, no espelho, analiso minhas coisas e o que vejo não é um lar. A sensação, de acordo com o mais próximo que posso descrever, é a seguinte: imagine um quarto de hotel, onde você passa pouco tempo e fica ali apenas para dormir, tomar banho, algumas vezes para comer e menos ainda descansar depois de seu trabalho e então sua viagem acaba e você pode voltar para seu lar, doce lar. É nada mais que isso. Quando fico aqui sinto que estou em uma viagem que pode durar de uma semana a um mês e que logo volto para casa. Não conheço as pessoas, elas não me conhecem. Combino o mundo com meus amigos onde moro, sim moro lá, vivo aqui.. Essa é a primeira questão da minha atual desordem.
Vou para meu "trabalho", a faculdade. Já conheço tantos rostos por lá, até esqueço que estou naquela viagem desgastante citada acima. Lá não me sinto em um hotel, tenho um lugar que me deixa quase que totalmente confortável onde não preciso fazer nada, nem mesmo falar. Posso apenas aceitar ser abraçada pelo sofá ao lado da rede e como é aconchegante! Vou para a sala encontrar professores e assuntos interessantes, só que não foco tanto quanto antes, estou me perdendo nas horas em que as disciplinas acontecem. Minha mente vaaaaga por todos os cantos, faço desenhos pelos cadernos em meio as anotações que consegui fazer nos mínimos momentos de foco. As vezes não sei o que faço ali, mas sei que é ali que devia estar, ao menos por agora. E minha segunda questão é esta: o conforto do "trabalho" andando junto a desatenção.
Nas horas livres, fora do hotel e do trabalho, encontro colegas. Muitas vezes vagamos por botequins, ou inventamos algo para fazer e conversar até o dia raiar. Atividades que me ocupam o tempo e me livram do saudosismo. Não sei se chega a ser uma forma de alienação do incômodo que tenho passado, mas aliviam minhas tensões.
Gostaria infinitamente de poder levar a universidade para a minha cidade, com as pessoas que lá estão( na universidade). Eu poderia dormir na minha cama, no meu quarto, acordar na minha casa, ver minhas montanhas, estar com minha família e sair com meus amigos que tanto prezo sem perder meus novos colegas, o ambiente que aconchega e que sá ter um foco melhor em sala.
Tenho passado por conflitos intrapessoais, os quais não sei o que, como, nem porquê existem; tão pouco sei porque andam intensos a ponto de transbordar em qualquer lugar, a qualquer hora e portanto não posso resolve-los.
Não tenho um status emocional estável. Se antes eu pensava muito, hoje penso muito mais mesmo que não queira. Sinto profundamente que, num momento não programado, explodirei, mas ainda assim não sinto um poço de negatividade, só um poço: confuso, sem fim, escuro e com uma provável salvação.
Estou prestes a passar por uma nova mudança que antes irá gerar conflitos, talvez confrontos mas que, pelo que sou capaz de enxergar agora, é minha única saída para não abandonar tudo.
Não quero ser interpretada de maneira errada. A vida não está ruim, as pessoas aqui não me fizeram nada de mal. Eu que acumulei um excesso de preocupação, de solidão, de silêncio. Entrei, me fechei e me perdi aqui dentro. Não é saudosismo, entendo que preciso enfrentar as mudanças da vida para uma possível evolução, etc. Só não me sinto bem nesse hotel. Eu, que tenho tanta dificuldade em confiar, só queria um alguém que fosse para poder falar as vezes, confiar, abraçar sem medo de ser "apunhalada pelas costas". Não vivo pensando nisso, em que vou ser "apunhalada pelas costas" a todo momento, nunca espero nada em troca, de coração. Não é isso. É que em todos os lugares as pessoas se mostram assim, querendo algo em troca de tudo que fazem mesmo com aquele discurso "eu juro que faço sem esperar nada" mas que é mentira. E elas te olham como se você fosse a próxima a tentar destruí-las. Só quero um lugar onde essa poluição toda não me atinja tanto como agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário