quinta-feira, 19 de julho de 2018

Já partiram várias pessoas da minha vida e cada uma delas mexeu com uma parte dentro de mim. E se me perguntassem qual delas doeu mais, não há resposta. Morte é a parte da vida, como algumas outras, a qual eu não sei lidar e portanto é um assunto sempre dolorido e sofrido. E se me perguntassem se sinto culpa por alguma delas, sim. Por mais egoísta que isso seja. E ao mesmo tempo que é um egoísmo sem precedente é também um fundo de identificação. Fundo porque obviamente nunca soube o que essa pessoa passou ou sentiu, nem nunca saberei. Mas me sinto só e solidão é algo que penso ter feito diferença na vida dessa pessoa. Talvez eu me sinta só porque quero, já que os meus próximos estão aqui. Ainda sinto. E isso prova o quão egoísta sou eu sentir culpa pela morte de outro, ou em sentir culpa por me sentir só.
A maioria das minhas anotações foram feitas com poças de lágrimas no teclado, poético mas real. Aqui eu escrevo minhas culpas, meus nós. Aqui eu alo coisas que gostaria de desenvolver em uma conversa porque conversas são retornos e aqui não há retorno.
Choro quando meu pai não responde o meu até amanhã e quando isso me leva a pensar que eu brigo a toa com a minha mãe, o que me leva a pensar que as respostas daquele amigo me soam sempre atravessadas porque nossa relação criada em minha mente é totalmente frustrada. Essa reação em cadeia me é recorrente. E aí de alguma forma isso tudo está ligado a morte, o que me leva a pensar no meu avô, no meu padrinho, nos meus primos, na amiga de infância que perdi contato na adolescência, no meu amigo que partiram. Eu vivo culpada com medo da morte e a garganta dói fisicamente por tudo isso entranhado. E quando releio essas palavras ou repenso essas ideias sinto culpa por sentir culpa de tanta coisa que está a passados de mim e que eu posso mudar. Poderia listar minhas culpas sobre as quais posso agir e mudar. Por que não mudo? O que domina e alimenta essa insegurança que permite que eu deixe tudo acontecer enquanto observo e aceito? Por que penso que não mereço me livrar de tudo isso e o que me faz não sair desse looping eterno? O que faz com que não possa proferir em voz alta as palavras que estão em minha cabeça como se a todo momento isso pudesse ser usado contra mim?

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