quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Menino Poeta

Outro dia cê me contou sobre uma mulher, poetisa, chamada Henriqueta Lisboa, e esse nome me soou muito familiar. Conversa vai, conversa vem descobri que ela escreveu uma poesia a qual eu aprendi e guardei de cor quando tinha por volta de 8, 9 anos quando li num dos livros de uma coleção que ganhei da escola. Era madrugada quando estávamos conversando, levantei e saí procurando se ainda tinha o livro por aqui. Procurei, abri todos os armários e nada! Procurei de novo e ACHEI! Folheei o livro e ao ler o título me veio a alegria de saber que sabia a poesia, então reli:

 O Menino Poeta

 
O menino poeta
não sei onde está.
Procuro daqui
procuro de lá.
Tem olhos azuis
ou tem olhos negros?
Parece Jesus
ou índio guerreiro?
Trá-lá-lá-li
trá-lá-lá-lá
Mas onde andará
que ainda não o vi?
Nas águas de Lambari,
nos reinos do Canadá?
Estará no berço
brincando com os anjos,
na escola, travesso,
rabiscando bancos?
O vizinho ali
disse que acolá
existe um menino
com dó os peixinhos.
Um dia pescou
- pescou por pescar -
um peixinho de âmbar
coberto de sal.
Depois o soltou outra vez nas ondas.
Ai! que esse menino
será, não será?...
Certo peregrino
(passou por aqui)
conta que um menino
das bandas de lá
furtou uma estrela.
Trá-lá-li-lá-lá
A estrela num choro
o menino rindo.
Porém de repente
(menino tão lindo!)
subiu pelo morro, tornou a pregá-la
com três pregos de ouro
nas saias da lua.
Ai! que esse menino
será, não será?...
Procuro daqui
procuro de lá.
O menino poeta
quero ver de perto
quero ver de perto
para me ensinar
as bonitas cousas
do céu e do mar.

Para minha surpresa no começo da conversa você falava que Henriqueta era de.. Lambari! E disso eu não lembrava e ao reler a poesia ela falava de alguém que me lembrava.. você! O menino poeta que escrevia sobre mim desde janeiro, coisa inédita na minha vida e não teve um escrito seu sequer que eu não tenha ficado emocionada, feliz, eufórica e.. chorado. Eu não sei porque as lágrimas mas sinto que a cada palavra minha vontade é dar um abraço longo e forte e agradecer infinitamente seu olhar pra mim não só metaforicamente falando. Eu poderia ficar olhando seu olhar por horas a fio porque me trás paz, seu olhar que brilha e vive intensamente, e fica bravo, e orgulhoso, e que me ensina e proporciona experiências que eu nunca vivi ou não acreditava que viveria. E sem planejar, depois de correr e fugir, eu quis ficar e ainda bem que fiquei e deixei o resto passar. Agradeço você na vida, menino poeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário