sábado, 12 de julho de 2014

Na minha janela ele nunca mais passou

Ouço o freio de mão do carro sendo puxado, a porta bate, o portão faz o barulho de um trovão, os passos seguem o contorno da casa e sobem as escadas. Direito, forte, rápido. A porta do escritório é aberta, a cadeira maneira range, o computador foi ligado. E ponto. Cada um no seu mundo, ridículo mundo.
Não sei o que fazer, por isso permaneço sentada aqui. Pauso a música pra ouvir o som de suas ações ou até mesmo de sua conversa, mas não é nada sobre mim. Algumas semanas assim se passam, torturando tudo que sinto. Acabo de dizer um simples "oi" quase clamando por um "CONTINUE A CONVERSA!!", mas ele simplesmente passa. Senti como se fosse uma conhecida importunando em momento inoportuno. Silêncio. Sento na cama, o ar me falta, precisava coversar. Abri varias janelas do Facebook mas não é isso que eu quero. Meu celular não funciona. Penso em escrever. Abro o Twitter pra dizer qualquer coisa apavorada, penso que isso é mais inútil que chamar as pessoas no chat. Lágrimas escorrem, sem parar, sem me deixar respirar. Ouço seus passos subindo, parando aqui perto. Engulo o choro, ele pode aparecer aqui dessa vez! Ele diz qualquer coisa sobre carros e sobe, novamente, direito, forte e reto. Lágrimas transbordam desde a primeira palavra escrita neste texto. Ao fundo The Doors canta "This is the end, my only friend, the end..". Ele acaba de vir na janela! Apenas olhou minha cara e soltou as contas na minha cama, sem pronunciar uma palavra. Choro descontroladamente, não sei o que fazer. E Jim Morrisson grita "THIS IS THE EEEEND!!!!"

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